A Festa do Senhor Bom Jesus, chamada Festa de Agosto, na década de 40 em Monte Azul Paulista. |
Anúncio da Festa em nosso jornal O Município (atual A Comarca) em 1924. |
A Comarca convida seus leitores a viajarem no
tempo e recordar, com texto e fotos, um pouco da tradição da Festa do Padroeiro
Senhor Bom Jesus, ou Festa de Agosto, como todos ainda chamam. A coluna
“Memórias” de Gente da Nossa Terra (GNT) homenageia neste mês os
monte-azulenses que lutaram e ajudaram, voluntariamente, na realização da
festa, em todos os seus anos, muitos que não estão mais entre nós e outros que
ainda ajudam nos festejos. Nossa pauta foi complementada com informações e fotos
dos nossos arquivos e pelas duas edições do livro “Monte Azul Paulista A História
da sua Existência (1995 e 2009), escrita por João Francisco Massoneto.
INÍCIO
A festa teve início em 1909 na Praça Rio Branco,
que na época ainda tinha a denominação de Largo Santa Cruz, ou Praça da Igreja.
O primeiro presidente a comandar a festa foi Joaquim Raimundo Inácio. Não há
registro dos jornais da época sobre a realização da festa em anos anteriores. A
única divulgação nos jornais era feita pelo anúncio do cartaz dos festejos. Uma
propaganda datada do dia 24 de setembro de 1909 e outra de julho de 1913.
DIREÇÃO
O jornal “A Semana”, de 15 de julho de 1913,
apelava à comunidade para que alguém tomasse a direção das festividades, cuja
realização naquele período era incerta. Atendendo ao apelo, assumiram a
responsabilidade João Vono, Tenente Idalino de Moura, Hermelindo Neves,
Francisco Manoel Rodrigues, Joaquim Honório Ferreira, Francisco Correia
Bernardes e Manoel Avelino.
DESCONTENTAMENTO
A notícia da Festa em nossas páginas no ano de 1917. |
No ano de 1917 um descontentamento muito grande
tomou conta dos munícipes, incluindo protestos e discórdias. O principal motivo
foi a colocação como esteio da barraca principal o cruzeiro, marco inicial da
fundação da cidade, cobrindo-o com lona e servindo ele como suporte.
DATAS
Os festejos não tinham data fixa para serem
realizados, chegou a acontecer mais em outubro do que em outros meses.
Chegou-se a ter a noticia estampada no jornal “O Município” (nosso atual A
Comarca), edição do dia 25 de novembro de 1917, que a festa seria realizada no
dia 2 de dezembro daquele ano. Os resultados dos festejos eram, de início, para
ampliar a estrutura da Igreja Senhor Bom Jesus, fatos registrados desde o início,
em 1909, até recentemente. Curiosidade: a estrutura da festa era utilizada, após
o término dos festejos, por algumas entidades, como o Lions e o Asilo, para
fazer suas próprias quermesses. E, a partir dos anos 90, entidades beneficentes
passaram a fazer parte da festa, com voluntários ajudando, recebendo assim
parte dos lucros.
ATUAL
Neste ano de 2018 a Festa do Padroeiro Senhor
Bom Jesus sofreu modificações radicais em sua estrutura e organização, com o
novo pároco assumindo em janeiro. Após 8 anos as lonas de circo não foram
instaladas, deixando o ambiente bem mais aconchegante e seguro com as novas
barracas, praticamente sem cordas. A festa passou a ser feita nos três
primeiros finais de semana de agosto, deixando a tradição do fim de semana das
férias escolares de lado, que havia desde os anos 70. Também o principal
fornecedor das bebidas, há mais de 70 anos, deixou de ser a monte-azulense
Distribuidora de Bebidas Avelino Gomes, que também fornecia as mesas e
cadeiras, e pertence a descendentes de fundadores da festa. Outro fato que
mudou foi a bandeira da festa, que sempre permanecia no recinto, mas o padre
preferiu deixá-la dentro da Igreja Matriz. Em compensação, outras tradições
foram mantidas, como a Procissão dos Balõezinhos (VER MATÉRIA ABAIXO), no início da festa, com a
juíza da festa e sua família carregando a bandeira, e logicamente a Procissão
do Senhor Bom Jesus, no dia 6 de agosto.
RESULTADOS
Em 2017 o resultado da festa serviu para manter
as melhorias na Paróquia e ajudar as principais entidades beneficentes de Monte
Azul Paulista. Para este ano de 2018 o resultado deve ser realizado com mais
agilidade, depois da implantação do sistema de fichas informatizadas, outra boa
novidade da festa, segundo a maioria das pessoas. Neste final de semana os
organizadores sorteiam um carro zero km no dia 19, domingo, último dia dos
festejos deste ano, e os resultados serão destinados para as obras da igreja,
em especial para a capela de São Judas Tadeu, e para entidades beneficentes.
Fica uma constatação, sempre: não há como agradar a todos, mas a tradição dos
festejos é um tesouro inestimável da cidade, onde as pessoas passam, mas a
festa deve continuar, de preferência com os monte-azulenses e suas empresas devendo
ser, sempre, a principal prioridade.
Na Festa de 1939. |
Barraca na Festa de 1966. |
Banda na Festa nos anos 70. |
As barracas da Festa na praça Rio Branco em 2015. (foto de Pedro Batistela) |
As barracas da Festa em 2018. |
Procissão dos Balõezinhos 2010. |
Procissão dos Balõezinhos em 2013. |
Procissão dos Balõezinhos em 2017. |
A Procissão de Monte Azul
Balõezinhos em 2015. |
Procissão dos Balõezinhos em 2015. |
Monte Azul Paulista nasceu graças à fé de fiéis
católicos e à ajuda de pessoas desbravadoras, que aqui vieram e fizeram o
possível para criar uma cidade planejada, composta por pessoas tementes a Deus.
Assim, sempre que a igreja católica precisava de ajuda a resposta era imediata,
assim permanecendo até os dias atuais. Portanto, segundo diversas testemunhas,
quando o pároco local nos anos da década de 1950, monsenhor Antonio Bezerra de
Menezes, criou uma procissão para iniciar a já famosa Festa do Senhor Bom Jesus
(Festa de Agosto), o apoio foi total, e criaram balõezinhos para carregar as
velas no trajeto da casa da juíza da festa até a praça Rio Branco, onde sempre
foi realizada a festa. Depois de alguns anos a procissão ficou conhecida como
Procissão dos Balõezinhos, e assim permanece até os dias atuais, com as bênçãos
de todos os padres que passaram por aqui. No próximo dia 3 de agosto acontece
mais uma procissão, saindo da casa de Alice Baraldi, à rua Julião Arroyo, 430,
às 18:00 horas, seguida pela missa e hasteamento da bandeira. Com mais de 60
anos, a Procissão dos Balõezinhos é uma tradição bem particular dos fiéis católicos
monte-azulenses, que emociona a todos e nos faz recordar de um pároco que
marcou época em nosso município, onde ficou por mais de 20 anos. Esperamos que
a tradição permaneça.
Procissão dos Balõezinhos em 2016. |
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